A maioria das pessoas que investe na escolha de um bom cirurgião e de um hospital equipado se esquece de pensar no pós-operatório da cirurgia plástica, um processo fundamental para a recuperação funcional e para o resultado satisfatório da cirurgia. Infelizmente, ainda é comum o encaminhamento para sessões de drenagem linfática e uso de aparelhos, como ultrassom e radiofrequência. Essas técnicas são inadequadas para o complexo processo de reabilitação do tecido após o trauma sofrido na cirurgia.

Na I Jornada de Fisioterapia em Cirurgia Plástica Estética e Reconstrutiva, realizada no ano passado, no Rio de Janeiro, foi abordado e discutido sobre a importância da reabilitação após a cirurgia, a fisioterapia se torna um caminho seguro porque proporciona ao paciente uma recuperação muito mais rápida e com o mínimo de dor. O paciente recebe alta com poucas sessões e volta mais rapidamente às suas atividades cotidianas.

Após a cirurgia, o paciente pode apresentar comprometimento respiratório, funcional, dores musculares, articulares e dificuldade de realizar alguns movimentos, mesmo depois de meses após a cirurgia. Isso ocorre devido à limitação no pós-operatório imediato, como as posturas antálgicas que precisam ser adotadas. Só o fisioterapeuta é capaz de avaliar a função neuromioarticular do paciente, prevenir e detectar esses possíveis comprometimentos e usar a abordagem certa para isso, como por exemplo, as mobilizações articulares e cinesioterapia.

Por que a drenagem não é adequada?

A drenagem linfática não é eficaz na reabilitação da cirurgia porque é uma técnica indicada para a redução de edema (acúmulo de líquidos) e o processo de reparo tecidual envolve outros processos e características além do edema. Na linha que pratico – que inclui terapia manual, terapia manual ortopédica, terapia de contenção, cinesioterapia e exercícios respiratórios -, esses tratamentos são empregados em cada momento da recuperação, a fim de deixar a paciente mais apta.

Quais as vantagens para o paciente?

A grande vantagem para o paciente é que conseguimos controlar a área de lesão que ocorre na cirurgia, processo que causa um trauma e dá início a um processo inflamatório muito grande. Porém, uma vez que conseguimos - imediatamente após a cirurgia -, conter essa área de lesão, conseguimos conter todos os eventos que são subsequentes a ela, cobrindo todas as faixas de cicatrização, além de garantir um pós-operatório com o mínimo de dor e uma recuperação mais rápida.

 

Quando o organismo inicia o processo de cicatrização começa a formar um novo tecido (tecido cicatricial) para preencher os espaços lesados e ele precisa de reabilitação adequada. O objetivo principal da fisioterapia no pós-operatório é reorganizar as estruturas dos tecidos, devolvendo funcionalidade e flexibilidade, favorecendo o metabolismo normal. Assim, o paciente não sofrerá com “fibroses” que são os tecidos cicatriciais desorganizados que tornam o aspecto da pele irregular e inestético, nem com as “aderências”, que são fibroses sem mobilidade dos tecidos e nem com a “retração”, quando a pele é repuxada por um tecido cicatricial adjacente.